Caverna do Caruso #19 – Identidade Secreta: Superman

De vez em quando eu decido dar uma colher de chá por aqui e indicar um quadrinho que não seja tão difícil de achar. Afinal de contas, é muito solitário esse universo de quadrinhos obscuros que ninguém conhece. Pois bem, a colher de chá da vez é essa: Identidade Secreta, de Kurt Busiek e Stuart Immonen. Talvez uma das melhores HQs já feitas na face da Terra. (Seja ela um, dois ou três)

Pra quem não sabe, Kurt Busiek é o roteirista de Marvels, além de criador e roteirista da série Astro City, uma das minhas visões preferidas sobre o universo de super heróis, que eu ainda pretendo falar aqui.

O Stuart Immonen, por sua vez, é um dos meus desenhistas preferidos, que já desenhou Ultimate Spider-Man e atualmente desenha X-Men, nessa fase recente da Marvel Now.

Bem, isso foi só pra dar uma credencial. Agora sobre a revista...

Qual foi a última vez que uma revista em quadrinhos te fez voar? Eu digo, te fez gastar mais de 30 segundos em uma mesma página, sentindo em você a sensação de ter super poderes e cruzar o céu voando? Pois bem, essa revista fez isso comigo!

A história aborda a vida de um garoto, cujo o sobrenome é Kent e os pais acharam “hilário” dar o nome do filho de... Clark. Porém a piada que pode parecer divertida por um momento na cabeça desses pais “super divertidos” se torna um fardo para quem tem que carregá-la eternamente nas costas, respondendo chamadas e chamadas na escola todos os dias de sua vida. Lição: nunca brinquem com o nome de seus filhos, crianças.

Até aí, pra mim, isso já dava uma história boa. Mas o lance é que do nada, ele ganha super poderes. Isso mesmo, do nada: não cai raio, não tem cajado mágico, não tem aranha radioativa, nada. Porque, afinal, quem se importa com isso a essa altura do campeonato, não é verdade?

O que importa é que o Kurt Busiek consegue fazer uma narrativa tão realista, que te faz imaginar como seria realmente ganhar super poderes e os efeitos que isso teria na sua vida, na vida dos outros e na sociedade. É uma narrativa muito simples, mas muito, muito envolvente.

A arte do Stuart Immonen, numa época em que ele ainda estava menos estilizado, ajuda muito a contar essa história, com um traço realista. Te coloca bem no meio da trama. É sensacional.

As cores também – coisa que eu não costumo reparar – ajudam a ambientar esse universo mais real e mais próximo do nosso. Nada das cores extremamente vibrantes, com as quais estamos acostumados nos gibis de super heróis. Aqui temos cores escuras, sombras, e uma tonalidade mais pé no chão. Não sei explicar direito, mas lendo você sente. A questão é que você não lê como uma revista em quadrinhos, você acompanha como a vida de uma pessoa.

Então essa é uma leitura que se você ainda não leu, você deveria colocar na sua lista de prioridades de coisas para fazer hoje: COMPRAR IDENTIDADE SECRETA. E se você já leu, vale a pena resgatá-la e emprestar para um amiguinho que não tenha lido.

VANTAGENS

• SAIU NO BRASIL!!! (Aêêêê!!! A galera vai ao delírio!!!) Saiu pela Panini em dois formatos: mini série em quatro edições com capas lindíssimas e num encadernado de capa mole. As duas são relativamente fáceis de achar por aí. A que eu tenho é a minissérie.
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  I believe I can flyyyyy

  EXCELENTE para catequizar novos leitores, mulheres inclusive. Você não precisa ser um leitor assíduo de quadrinhos pra apreciar essa história. Só precisa do conhecimento básico de quem é o Super Homem. E isso todo mundo sabe.

• A arte do Stuart Immonen está primorosa! Depois ele ficou com um traço mais cartunesco (que eu me amarro também), mas esse traço realista dele é espetacular!
• É uma leitura rápida e prazerosa.

DESVANTAGENS

• A única desvantagem que eu posso tentar imaginar é que, como é uma história extremamente envolvente, é capaz de algumas pessoas não curtirem o final, por estarem esperando outra coisa. Mas isso só acontece porque é uma história muito boa e acaba deixando o leitor tão envolvido que ele acha que é ele que está escrevendo, ao invés de lendo. Mas sei lá. Tô inventando. Só pra não deixar a parte das desvantagens vazia. Porque na realidade, desvantagem, desvantagem meeesmo, não existe nenhuma...

Bem, essa eu tenho certeza de que quase todo mundo leu! Então eu peço para quem leu, deixar seu comentário sobre a revista aqui, para ajudar os amiguinhos e amiguinhas que ainda não leram a sair correndo comprar a sua! Porque, na boa: merece, não merece?

Nota do autor: Originalmente creditei Kurt Busiek como roteirista de Marvels e Kindgom Come, da DC. O leitor  observou que foi Mark Weid quem escreveu Kingdom Come. Obrigado pela correção, Felipe!)