Papo de Mestre #02 – Uma breve história do Dungeons & Dragons e suas edições


Olá amigo RPGista! Se você sabe o que é Roleplaying Game, com certeza já ouviu falar de Dungeons & Dragons, o RPG mais famoso de todos os tempos. Na verdade, ele é praticamente o pai de TODOS os roleplaying games. Vamos conhecer um pouco da história deste fantástico jogo de interpretação e imaginação no Papo de Mestre? Claro que vamos! Me segue aí!

De volta ao início dos anos 70, um cara chamado Gary Gygax criou um jogo de tabuleiro chamado Chainmail. Prontamente, ele e seu melhor amigo Dave Arneson começaram a mexer com as regras e criar várias possibilidades com suas variantes, usaram um bando de dados de várias faces além do típico dado de seis faces, o que culminou num jogo completamente diferente. O Dungeons & Dragons, ou simplesmente D&D – assim nascia o RPG.

Primeiro box de D&D da década de 70: Uma cópia destas fora vendida no ebay por U$5,600.00

Primeiro box de D&D da década de 70: Uma cópia destas fora vendida no ebay por U$5,600.00

Então, naquela época, o D&D consistia-se em reunir um punhado de amigos à volta de uma mesa, onde uns e os outros contavam as histórias do que os seus personagens estavam realizando num mundo completamente imaginário. Havia também um punhado de regras que diziam como estes personagens fariam para manipular bolas de fogo e mísseis mágicos, usar armas e armaduras medievais, além de algumas estatísticas que compunham os atributos desses personagens interpretados, quem eles eram e o quê eram. Esta foi a Primeira Edição de Dungeons & Dragons.

D&D era um jogo bacana, novo, mas também polêmico. Tanto que Pat Robinson, um pastor pentecostal (que foi ex-candidato à presidência dos EUA) classificou o jogo como “demoniaco” e que levava os jovens aos rituais satânicos e à magia negra. *Com todo o respeito senhor Patison, but this is a lot of bullshit*. Em 1982, um filme chamado Maze and Monsters, estrelado por Tom Hanks no começo de carreira, mostra um protagonista que enlouquece jogando RPG e como o RPG foi marginalizado na época. Foi um começo bem difícil.

De demoníaco mesmo eram as regras fora de ordem cronológica e um tanto tumultuadas. Afinal de contas, a Primeira Edição de Dungeons and Dragons não foi lá uma primazia. Até o final da década de 70, Gygax organizou tudinho no que chamou de Dungeons and Dragons Second Edition, e acertou a mão no Advanced Dungeons and Dragons Second Edition, ou simplesmente AD&D2nd, quase uma década depois, em 1989.

Capa da primeira edição de AD&D

Capa da primeira edição de AD&D: O compendium de regras reunidas e editadas ainda carecia de uma organização mais eloquente para que pudesse ser entendida com mais facilidade

Com as regras e a casa arrumada, feras da imaginação criaram uma série de cenários de jogo, baseados no novo compendium de regras que era o AD&D2nd. Foram criados mundos extraordinários, desde terror gótico vampírico e deserto árido e sobrevivência difícil, até fantasia medieval no espaço e sagas novelísticas com dragões. Com eles, vieram raças novas, temáticas novas, cenários exuberantes. As possibilidades pareciam infinitas. O céu parecia o limite.

O AD&D2nd foi um dos RPGs mais populares do mundo, mas sua era chegou ao fim em 1997. A TSR, editora do D&D desde o começo, estava quebrando, e no processo, vendeu os direitos para a Wizards of The Coast (ou WotC), a nova casa do RPG mais famoso da terra. Com isso, o livro de regras foi revisado por uma nova equipe criativa e suas regras mudadas numa tentativa de atualizar o jogo. As versões 3.0, 3.1 e 3.5 do D&D foram lançadas.

Com uma ênfase um pouco maior nas miniaturas que pudessem ser jogadas e representadas em um tabuleiro, o Dungeons and Dragons Quarta Edição, ou simplesmente D&D 4th Edition, veio para selar a ideia de transformar radicalmente suas raízes, e o RPG como conhecíamos mudou. Ficou com cara de board game, com miniaturas, cartas e outros itens de apoio que deixavam cada vez mais a criatividade e a imaginação de lado – o que foi justamente o que seus criadores queriam evitar, criar mais um boardgame - veja aqui. Neste vacilo homérico, a Wizard Of The Coast deu espaço para uma editora concorrente chamada Paizo Publishing e seu RPG chamado Pathfinder. Com uma arte diferente e a proposta de manter o RPG na sua linha de roleplaying e não de boardgame, reconquistou o mercado que ficara carente e o coração dos fiéis jogadores de D&D, que em sua grande maioria, abandonaram-no na sua versão 4.0.

Bela capa da 5ª edição

Belíssima capa do Livro dos Jogadores da 5ª edição

Embora a WotC tenha amargado essa derrota, não perdeu a elegância e nem o fôlego – ainda bem! Assim nasceu o D&D Next, ou melhor, D&D 5th Edition. Esta versão do D&D resgatou o prestigio do RPG mais famoso que existe e recolocou o D&D no lugar em que merece, no topo da montanha. Suas regras são basicamente a evolução melhorada das regras da versão Advanced 2nd Edition. Os entendidos têm dito por aí que o D&D 5th seria a evolução direta do AD&D2nd. Resgataram as raízes do bom e velho Dungeons and Dragons com o cuidado e excelência que este histórico jogo de RPG merece.

E agora? O que você está esperando? Agarre o seu Dungeons & Dragons 5th Edition (que pode ser encontrado em um bom preço na ), junte seus amigos e comece um mundo de aventuras!

Roadmap do Dungeons & Dragons nos EUA e no Brasil:

Nos Estados Unidos:

1974 (Chainmail); 1977 (D&D Basic Set 1st revision); 1977–1979 (AD&D); 1981 (D&D Basic Set 2nd revision); 1983–1986 (D&D Basic Set 3rd revision); 1989 (AD&D 2nd Edition); 1991 (D&D Rules Cyclopedia); 2000 (D&D 3rd Edition); 2003 (D&D v3.5); 2008 (D&D 4th Edition); 2014 (D&D 5th Edition) .

No Brasil:

1995 (AD&D 2.ed. americana, 1a.ed. brasileira, Editora Abril); 1999 (AD&D 2.ed. americana, 2a.ed. brasileira, Devir Livraria); 2001 (D&D 3a.ed.); 2004 (D&D v3.5); 2009 (D&D 4a.ed.).

E então, um dia desses, meu guerreiro de 5.o nível encontrou esse lagarto aí, ó...prestes a cuspir todo fogo do mundo na minha fuça e o que fiz heroicamente foi.... obviamente fugir e ficar todo borrado. Aliás, quem nunca? rs

E então, um dia desses, meu guerreiro de 5.o nível encontrou esse lagarto aí, ó...prestes a cuspir todo fogo do mundo na minha fuça e o que fiz heroicamente foi.... obviamente fugir e ficar todo borrado. Aliás, quem nunca? rs

Abacaxi Voador
HQzeiro. Cinéfilo. RPGista. Quando não está inventando palavras, está ajudando os amigos que fez no Abacaxi Voador redigindo, escrevendo e palestrando. Acredita que o Abacaxi tem um Q de "Sala da Justiça", e portanto acredita que tem super poderes.
  • Pingback: Papo de Mestre #03 - Como mestrar uma aventura de RPG - Parte 1 - Abacaxi Voador()

  • Cristiano Lagame

    Meu primeiro RPG foi o AD&D, isso em 1989, e jogo até D&D até hoje, mas na versão 3.5, não migrei nem pra 4ª nem 5ª edição, pois comprei muito material da 3.5, e não pretendo comprar tudo de novo, rsrs…
    Já joguei Pathfinder, mas não me encheu os olhos… Acredito que o importante é o narrador saber limitar o acesso às classes, talentos, magias e demais regras encontradas em alguns livros, assim o seu jogo não ficará desequilibrado.
    Putz, comentei outro dia aqui no trabalho sobre este terrível filme, Maze and Monsters foi o pior filme do Tom Hanks ao meu ver, rsrs…

    • https://abacaxivoador.com.br Alexandre Rocha Amaral

      Fala Lagame! Bem, as versões do D&D 3.5 e 4.0 tiveram bastante destaque aqui no Brasil, com os livros traduzidos. Mas você não precisa ficar preso ao 3.5 por conta disso. Você sabia que com todo um jeitinho podemos migrar essas regras para Dungeons & Dragons 5th? Falarei mais sobre esta questão nos próximos posts, que é uma dúvida (e um desejo) de muitos jogadores de D&D, assim como crowdfunding também. Você parece vidente… um verdadeiro Forecaster! Já tenho um artigo sobre o filme Maze and Monsters escrito! Fique ligado na coluna! :D

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